segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Resenha Crítica - Cynthia Oliveira


Anjo Negro – Nelson Rodrigues
                                      Cynthia Oliveira Barros


Anjo Negro, de Nelson Rodrigues, é um texto marcado por contrastes e temas polêmicos. Amor, ódio, paixão, ciúmes, preconceito, desespero e obsessão são alguns dos sentimentos presentes na trama.
Nelson Rodrigues conta a história de Virgínia, uma mulher branca e dissimulada. Virgínia é casada com Ismael, um médico, negro, que não aceita sua cor. Virgínia fora estuprada por Ismael e por isso acabou se casando com ele. Ismael tem fascínio pela cor da esposa, entretanto todos os filhos que saem dela são negros, o faz com que Virgínia os mate. Mais à frente aparece Elias na trama, o Irmão branco e cego de Ismael. Virgínia acaba se relacionando com Elias e tendo uma filha branca, Ana Maria, que Ismael cega propositalmente como fez com o irmão dele. Ana Maria é abusada sexualmente por Ismael, que junto com Virgínia, mata o fruto deixado por Elias.
Fazendo um paralelo do texto de Nelson com a encenação feita pelo Quartas Dramáticas, podemos perceber uma encenação bastante fiel, com um vestuário bem apropriado, em especial no que diz respeito às cores. O preto tomou conta do figurino em uma crítica a hipocrisia e preconceito da sociedade da época, além de ser uma alusão ao título da peça. A encenação apesar de ter reunido poucos elementos de cenário, foi bem performática, a trilha sonora e as luzes foram bem planejadas, além de ter reunido cenas fortes como a do estupro de Virgínia, a do amor entre Elias e Virgínia e principalmente, a do nu do ator que representou Ismael, isso tudo tornou a encenação mais atraente.
Enfim, Nelson conseguiu em seu texto reunir vários sentimentos escondidos pela sociedade, de uma forma bem humorada, devidamente mostrada pelo grupo Quartas Dramáticas, a imagem de uma Virgínia louca e fingida deu um toque agradável de humor.

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